"Multa expendio funt quae segnibus ardua videntur"

Muitas coisas realizadas com perseverança parecem impossíveis aos fracos (Publius Cornelius Tacitus, historiador romano)

sábado, 12 de junho de 2010

Injustiça no Tribunal de Justiça... Só queremos que ele pague o que deve!

"Quem levar um pedação de pão com manteiga para alguém que está lá [no Fórum João Mendes] está desrespeitando a mim." A frase, atribuída ao presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, desembargador Antonio Carlos Viana Santos foi informada pelo juiz auxiliar Alberto Anderson Filho (*), durante uma reunião ocorrida na noite desta quinta (10) quando a Comissão de Representantes de Entidades que representam os servidores, parlamentares e juizes tentaram retomar uma negociação que não existiu.

O 44º dia de greve dos Servidores do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo foi o mais longo, triste e denso desde iniciado o movimento no último dia 28 de abril. Primeiro, porque foi a continuidade do dia anterior quando colegas ocuparam pacíficamente o Fórum João Mendes e não foi permitida, em nenhuma momento, a entrada de alimentos e água para os manifestantes num total descaso e num ato desumano por parte do Tribunal. Segundo porque os parlamentares que estiveram presentes durante todo o dia puderam observar a instransigência do maior Judiciário do país que comete atos ilegais e que não negocia, de forma prepotente e arrogante.

O resultado disso tudo: a greve continua e os manifestantes - verdadeiros heróis da resistência - permanecem ocupando o Fórum João Mendes e estão há aproximadamente 40 horas sem se alimentar, sem ter o direito às menores condições de higiene, mas sem perder a vergonha na cara e a força para lutar.


Um dia de mídia e de parlamentares

Esta quinta-feira ficará marcada pela ampla divulgação na mídia do movimento iniciado em 28 de abril. Não há sites de informação, canais de TV, emissoras de rádio, blogs e todo o aparato de mídia que não tenha divulgado a greve após a ocupação do João Mendes. Ontem diversos jornalistas, por horas a fio, chegaram a acompanhar todo o trabalho feito na tentativa de levar alimento, água e, principalmente, remédios aos ocupantes do maior Fórum do país.

Fechamento do trânsito e suspensão de prazos

Depois de idas e vindas ao longo do dia, no final da tarde aconteceu uma reunião no Palácio da Justiça. Dela participaram a Comissão de Representantes das Entidades, os parlamentares supra citados e um grupo de juizes assessores da presidência formado por José Maria Câmara Júnior, João Batista Morato Rebouças de Carvalho, Alcides Leopoldo e Silva Júnior, Alberto Anderson Filho e o juiz-diretor do Fórum João Mendes, Fausto José Martins Seabra.

A reunião começou com algumas discussões entre juizes e deputados sobre a incumbência dos poderes. Os juízes alegaram que não há interesse, por parte do Legislativo, de projetos de origem do Judiciário.

O presidente da Associação dos Servidores do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (Assetj), José Gozze, manifestou-se no sentido de esclarecer "que a negociação da desocupação do João Mendes e da suspensão do movimento grevista" eram coisas distintas. Teceu críticas ao comportamento do TJ que "desconta os dias parados dos grevistas sem terminar o processo que é a Ação do Dissídio". Gozze chegou a questionar o juiz José Maria Câmara Júnior se ele "julgaria" alguém "sem que estudasse os autos e finalizasse o processo".

A proposta das entidades para que acabasse a ocupação foi clara. Pleitearam que os descontos aos funcionários grevistas impostos pela Resolução 520 fossem suspensos e decididos ao final do julgamento da Ação de Dissídio Coletivo impetrado pelas entidades no começo de maio e, absurdamente, não julgada até agora. Em troca, o João Mendes seria desocupado. O deputado federal Ivan Valente defendeu a proposta das entidades e a chamou de "generosa".

Os juizes se retiraram por cerca de meia hora para conversas com desembagadores e, possivelmente, o presidente do Tribunal.

Ao retornarem o juiz Alcides Leopoldo e Silva Júnior afirmou que o grupo havia chegado ao "limite" e que não foi aceita a proposta feita pelas entidades e referendada pelos parlamentares. O juiz João Batista Morato Rebouças de Carvalho disse que era preciso trocar "o círculo vicioso pelo virtuoso" e disse que o TJ negociaria "se o João Mendes fosse desocupado e se a greve se encerrasse".

O presidente da Assetj, José Gozze, lamentou a intransigência do Tribunal. "O maior problema que temos é a distância do presidente do Tribunal. Historicamente sempre negociamos diretamente com os presidentes. De uns três presidentes para cá estamos nas mãos de juizes auxiliares e agora, para chegarmos aos juizes auxiliares temos que recorrer aos deputados. Está cada vez mais distante e difícil. Os servidores estão sendo condenados sem julgamento e vocês estão cometendo uma ilegalidade".

O deputado estadual Carlos Gianazzi questionou a falta de alimentação e água dos manifestantes. "Isso é um desrespeito ao ser humano e certamente será denunciado aos organismos internacionais".

Foi em seguida que o juiz Alberto Anderson Filho fez a afirmação que abre esta matéria. E pouco depois a reunião se encerrou sem nenhuma solução.

De volta à Praça João Mendes e dados os informes, os manifestantes em contato por telefone celular decidiram permanecer ocupando o prédio. Apesar de todos os esforços a administração do TJ impediu alimentação, água e cobertores aos nossos bravos guerreiros que apenas defendem a Constituição.

(*) Para que seja feito o registro histórico, o juiz Alberto Anderson Filho é o mesmo que em 2008, no exercício da presidência da 1ª Vara do Júri de São Paulo, tomou medidas punitivas ao Oficial de Justiça Alexandre Tullii e considerou "grave insubordinação" o fato de o funcionário ter requisitado garantias de segurança de vida para o exercício da função.


Fonte: assetj.org (texto levemente reduzido)

sábado, 5 de junho de 2010

Suicídio

No alto de um prédio
estou eu
Olho para baixo
Vejo que vou morrer
e mesmo assim eu me jogo

As janelas passando
o chão próximo
Um vento forte
Mas eu tenho a certeza
se que não vai doer

Tudo fica muito depressa
já não controlo mais meu corpo
E de repente
Plaft!

Não é que eu me machuquei de novo?
Mas a sensação de pular
é indescritível...

Crime, Castigo e culpa

Estou lendo Crime e Castigo, do Dostoievski. Verdade seja dita: ainda não estou nem na metade. Mas hoje estou num dia ruim, daqueles bem mau humorados, então preciso fazer uma crítica. Não ao autor, mas a nós mesmos. O livro conta, é claro, a história de um crime. O personagem sofre tanto, desenvolve uma culpa tão profunda que chega a somatizar. Sabe, sinto falta disso, da culpa. O Freud e o movimento da psicanálise desenvolveu-se tanto sobre a culpa, procurando formas de aliviar o sofrimento advindo dela... E hoje a culpa está praticamente banida da humanidade. Foi a culpa que instituiu a cultura e as leis. Acho que a partir de agora a gente vai regredir e voltar a ser bicho, ou então o PCC vai tomar o poder. E eu não sei bem onde eu quero estar quando isto acontecer.
Acho que é por isso que eu jogo RPG. Ainda é um mundo com regras.